quinta-feira, 19 de julho de 2012


Leitor de telas / Sintetizador de voz

Os limites humanos indicam uma dialética: é marca da humanidade superá-los, mas para isso devem ser reconhecidos e não desprezados. Os limites, a fragilidade, quando não implicam em sofrimento, são belos e devem ser admirados pela humanidade que representam. Assim, a deficiência deveria nos lembrar não as dificuldades de enfrentar os limites, mas a convivência com o que é humano e próprio a todos.       Crochík

Antes de passar à apresentação do software inclusivo, gostaria de explicar a razão da minha escolha. Enquanto explorava informação neste âmbito, deparei-me com um artigo em que uma mãe, deficiente visual, falava do seu trabalho na recuperação de um filho disléxico. Dizia a senhora que desde cedo percebeu que o seu filho era diferente, mas, até chegarem ao diagnóstico, muito tempo e muita angústia passou - o filho era vítima de “recriminações”. Como consequência, a sua autoestima era muito baixa. Só aos 14 anos é que se descobriu definitivamente que o jovem sofria de dislexia severa. Ora, a mãe, que era cega, já estava habituada a usar o software de leitura de telas, que lhe permitia ler livros em formato digital, por meio da voz sintetizada no computador. Na altura ocorreu-lhe, então, que este software poderia ajudar o seu filho, pois facilitava o contacto do jovem com a leitura, pela associação da audição com a visão simultânea do texto no ecrã. A partir do momento em que o jovem conseguia ouvir/ler os livros indicados pela escola, passou a poder participar nos debates na escola, tendo conseguido demonstrar o seu potencial intelectual, até aí considerado baixo. O aumento da autoestima do jovem permitiu-lhe integrar-se na comunidade escolar, prosseguir estudos (técnico de Massoterapia) e tornar-se num jovem “…alegre, com muitos amigos, cheio de vida e de entusiasmo pelos desafios, seguro, centrado e Feliz…”
Como se pode depreender, o software escolhido é o leitor de telas /sintetizador de voz.

Leitores de Telas Virtual Vision, Jaws e DOSVOX: como instalá-los e começar a utilizá-los?

Jean Braz da Costa, 19 de outubro de 2005

Virtual Vision

Permite ao usuário trabalhar com o sistema operacional Windows e com seus aplicativos. Para instalá-lo, basta inserir seu CD e seguir as instruções faladas pelo sintetizador. Pode ser utilizado sem registro por 30 dias, exigindo que o computador seja reiniciado a cada 30 minutos para que continue a funcionar.
Leitor de tela Jaws
O leitor de tela mais popular do mundo, o Jaws® for WINDOWS, da Freedom Scientific, trabalha com o seu computador de modo a proporcionar acesso às aplicações mais usuais e a Internet. Com o software de síntese de voz e a placa de som do PC, a informação da tela é lida, permitindo o acesso a uma larga variedade de aplicações de trabalho, lazer e educacionais. O Jaws também pode enviar informações para linhas Braille, permitindo mais acesso a esta tecnologia do que qualquer outro leitor de tela.
Principais características:
* Compatível com os Sistemas Operacionais Windows XP, Vista e Windows 7;
* Inclui sintetizador de voz para vários idiomas (Português, Inglês, Espanhol, Francês, Alemão, Italiano e Finlandês);
* Instalação acompanhada por voz;
* Suporte imediato para as aplicações standard do Windows;
* Suporte avançado para as aplicações mais populares do Office;
* Suporte para o Internet Explorer, Firefox e Adobe Acrobate (Links, listas, tabelas, gráficos, frames, flash, etc);
* Linguagem de Scripts para personalizar aplicações não-standard;
* Ferramentas para personalização fácil e sem Scripts;
* Compatível com a maioria das linhas Braille.
http://tecnovisao.net/?page_id=166

Programa de Remediação Fonológica (Prefon) para melhorar o desempenho da leitura e escrita em crianças com dislexia.

Software melhora leitura e
escrita de criança disléxica
Fonoaudióloga desenvolve programa que pode ser usado em qualquer computador

Pesquisa realizada pela fonoaudióloga Cíntia Alves Salgado Azoni no laboratório de Distúrbios de Aprendizagem e Transtornos da Atenção (Disapre), da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, resultou no desenvolvimento do Programa de Remediação Fonológica (Prefon) para melhorar o desempenho da leitura e escrita em crianças com dislexia.
Trata-se de um software utilizado como ferramenta de comunicação que funciona em qualquer computador. Os resultados foram tão positivos, conforme descritos na tese de doutorado “Programa de remediação fonológica, de leitura e escrita em crianças com dislexia do desenvolvimento”, que Cintia solicitou à Agência de Inovação Inova Unicamp a proteção da tecnologia por meio de registro de programa de computador. A tese foi orientada pela neuropsicóloga e coordenadora do Disapre, Sylvia Maria Ciasca.
As queixas de dificuldades de aprendizagem são comuns na infância e adolescência e motivam grande parte dos encaminhamentos por professores aos profissionais da saúde, com objetivo de avaliação, diagnóstico e intervenção. Em 1968, a World Federation of Neurology utilizou o termo dislexia do desenvolvimento para definir um transtorno manifesto por dificuldades na aprendizagem da leitura, apesar da instrução convencional, inteligência adequada e oportunidade sociocultural.
O comprometimento da aprendizagem em crianças com dislexia relaciona-se principalmente a alterações de linguagem decorrentes de déficits no processamento da informação fonológica, acarretando atraso na aquisição e desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Assim, a criança com dislexia encontrará dificuldade, principalmente na escola, onde permanece boa parte de seu tempo.
As principais características observadas nestas crianças são: dificuldades na velocidade de nomeação de material verbal e memória fonológica de trabalho; dificuldades em provas de consciência fonológica (rima, segmentação e transposição fonêmicas); nível de leitura abaixo do esperado para idade e nível de escolaridade; escrita com trocas fonológicas e ortográficas; bom desempenho em raciocínio aritmético; nível intelectual na média ou acima da média; déficits neuropsicológicos em funções perceptuais, memória, atenção sustentada visual e funções executivas.
O Prefon traz estratégias de linguagem nas quais a criança com dislexia tem maior dificuldade como, por exemplo, a rima. Por ser o computador um atrativo motivador, foi feita uma parceria com alunos de mestrado do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp para o desenvolvimento dos paradigmas das atividades por meio de jogos para manter a atenção e o desempenho da criança.
Participaram deste estudo 62 crianças, divididas em três grupos. O primeiro, com 17 crianças com dislexia, foi submetido ao programa de remediação. O segundo grupo de crianças, também com dislexia, não foi submetido ao Prefon. O terceiro, denominado de controle, foi composto por 31 crianças sem dificuldades de aprendizagem. As crianças do primeiro grupo passaram pelas etapas de pré-testagem, treino e pós-testagem. O programa de remediação foi realizado em 20 sessões.
A avaliação mostrou melhora significativa no tempo de nomeação automática rápida, em consciência fonológica, na velocidade de leitura e habilidades de escrita. Muitos pais também relataram aumento do interesse dos filhos pela leitura, que antes não existia.
“O software tem atividades que podem ser utilizadas com uso de palavras do contexto cultural da criança. Pretendo fazer outras versões do programa para professores e pedagogos”, disse Cíntia. Segundo a fonoaudióloga, há também possibilidade do programa ser disponibilizado online na internet. O foco é a inclusão digital.
Segundo o neuropsicólogo Ricardo Franco de Lima, os disléxicos apresentam também dificuldades em outras habilidades cognitivas, como a atenção e funções executivas. A atenção, segundo Ricardo, é a capacidade do indivíduo em selecionar no ambiente interno ou externo o que é mais relevante.
As funções executivas se referem a um conceito multidimensional que envolve as habilidades cognitivas de áreas frontais do cérebro, como controle inibitório, flexibilidade mental, planejamento e uso de estratégias. Elas são ativadas quando o indivíduo tem que realizar qualquer atividade com um objetivo, como por exemplo, montar um quebra-cabeça.
Lima é autor de dissertação, apresentada no ano passado, que revela que crianças com dislexia são mais propensas a ter depressão. O estudo avaliou 61 crianças com idade entre 7 e 14 anos, dividas em dois grupos: um com diagnóstico de dislexia e outro sem dificuldades de aprendizagem.
“As crianças com dislexia relataram maior frequência de sintomas depressivos que crianças sem dificuldades, como avaliação negativa do próprio desempenho, sentimentos de culpa, ideação suicida, sentimentos de preocupação, dificuldades para dormir, problemas nas interações sociais na escola e comparação de seu desempenho com o de seus pares”, disse Ricardo.


Sem comentários:

Enviar um comentário